Chá de camomila sem açúcar.




E em uma melodia calma, 
em piano,
mais contada do que cantada, 
tento te dizer coisas que já disse, 
mas em sentidos diferentes.

Eu tento desenhar, 
eu tento escrever,
eu tento te dar uma flor, 
eu tento te dizer:
"eu te amo",
e sai sem a graça interna.

E não é que não tenha sentimentos,
ao contrário, 
transborda, 
transforma,
abraça.

Mas não sei como decifrar,
não consigo detalhar, 
é um, 
dois,
quatro cigarros,
até chegar na mais pura delicadeza.

Eu te faço um chá de camomila,
sem açúcar,
e não é que não seja doce,
mas nosso amor não precisa mais 
de adesão nenhuma.

Te vejo,
arrumando os cachos,
escovando os dentes,
colocando amarelo,
vermelho,
preto, 
branco,
rosa.
E amarelo.

E entre as linhas ficam as dúvidas,
a declaração na hora certa,
o meu eu em você.

Você é cinema, 
eu canto "Piece of my heart",
como se eu fosse a trilha sonora,
do seu filme lindo de amor.

Você é meu poema,
a minha parte metafórica,
e real.
Eu sou seu chá, a música da Gal,
do carnaval, o apartamento 203,
a lua cheia, a lua minguante,
Holy Motors,
Tabu,
O Homem da minha vida,
Amour,
Manhattan...

E sinto amor,
amor platônico,
amor romântico,
amor moderno,
apenas amor.

E no final,
de um grito no peito,
transformado em sentimento,
e em apenas uma frase,
te digo o inesperado mais esperado
"Te amo".

E as canções de amor fazem sentido,
as flores são mais coloridas,
suas pintas são a imagem perfeita da perfeição,
e seu abraço se torna o meu melhor lugar.